sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Como fazer isométricos no... Excel !

Sim, é isso mesmo que você leu. No Excel. Claro, muitos vão dizer: Por que fazer desenhos isométricos no Excel?
Bem, como todos sabemos o Excel está instalado em quase todos os computadores com Windows e quase todo mundo tem alguma familiaridade com o seu funcionamento. Além disso, muitos engenheiros que trabalham a nível operacional em empresas de médio e até grande porte, como em usinas de açúcar, não possuem nenhum software CAD instalado em suas máquinas corporativas e vez por outra precisam fazer um croqui ou "As Built" de alguma tubulação para registro ou envio para cotações, etc. e se vêem sem alternativas, a não ser o famoso croqui a mão. 

Além disso, convenhamos, o Autocad não oferece muita praticidade na elaboração de isométricos e são poucos os que dominam essa aplicação. Muita gente que não está acostumada com isometria não sabe ativar o SNAP em isometria e mudar as faces, quanto mais fazer cotas oblíquas com texto igualmente oblíquo e acertar as linhas de chamada. 
Para esses casos, elaborei um arquivo em Excel que facilitará muito a realização de desenhos isométricos que ficam com aparência bem próxima de isométricos feitos em Autocad, que inclusive poderá ser facilmente personalizado à sua necessidade particular. Estou agora disponibilizando ele gratuitamente e vou explicar sucintamente como utilizar. Ele está em formato .xls que pode ser aberto em qualquer versão do Excel superior ao Excel 97 e a folha está configurada no formato A2 com as margens já definidas.

Para usar é muito fácil. Coloquei alguns símbolos em isometria na lateral a direita da folha, você pode modificá-los para ficarem mais parecidos ao padrão que você está acostumado ou acrescentar mais símbolos, usando as ferramentas de desenho, auto-formas, etc. Monte o símbolo e depois é só selecionar todas as entidades do simbolo criado apertando shift e clicando até todo o símbolo ficar selecionado. Agora clique com o botão direito e em Agrupar, clique em Agrupar, como mostra a figura abaixo. Isso facilitará a montagem do desenho.


Agora, para montar o Isométrico, primeiramente vamos configurar o Excel para alinhar os símbolos às linhas de grade em isometria. Selecione qualquer símbolo e clique no menu formatar, depois alinhar e finalmente Ajustar à grade. 



Agora basta montar o desenho, copie os símbolos arrastando com o mouse para dentro da folha enquanto mantem a tecla Ctrl apertada de maneira que estejam alinhados com a grade e unidos entre si. Vá montando o isométrico desta forma.


Como você pode ver, é muito fácil, prático e não requer nenhuma habilidade. Uma vez pronto, você pode imprimir normalmente, inclusive poderá salvar em PDF pelo próprio Excel se for versão 2000 ou superior ou com alguma ferramenta gratuita, nesse caso recomendo o PDF Creator. As linhas de grade cinzas em isometria irão aparecer na impressão, mas você pode desativá-las antes de imprimir, basta selecionar todas as células da folha, clicar com botão direito, formatar células e na guia Borda, desfaça a seleção das bordas do interior das células, conforme mostro abaixo:


Pronto, dessa forma você poderá chegar a um resultado excelente, de maneira fácil e usando somente o Excel.

Gostou? Para baixar o arquivo, clique aqui.

Alguma dúvida ou comentário? Comente abaixo! Um abraço... e até o próximo post.






quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Propriedades de Vapor - WASP

Olá a todos, novamente vou usar esse espaço para tratar de um aplicativo gratuito, o WASP. 

Muitas vezes necessitamos conhecer as propriedades da água e do vapor em diferentes temperaturas e pressões, como entalpia, temperatura de saturação, título, volume específico, etc. 
Antigamente se utilizavam as tabelas de vapor, que são muito úteis, porém hoje em dia temos ferramentas mais simples, fáceis e intuitivas e que além de tudo são gratuitas. 

O WASP é um shareware porém completamente funcional, desenvolvido por uma empresa chamada Katmar Software, que é totalmente gratuito. Com ele, basta inserir nos campos adequados a temperatura e a pressão e ele dará todas as propriedades da água / vapor. O único inconveniente é que ele fecha sozinho após 10 minutos de uso, sendo necessária somente sua reinicialização para continuar usando normalmente.
Abaixo, um pequeno exemplo de utilização:























Como podem ver, é bem simples porém muito útil. Ele pode ser baixado no site http://www.katmarsoftware.com/wasp.htm

Mais uma vez até logo e deixe seus comentários e dúvidas abaixo.

HP48 para Android - Droid 48

Olá mais uma vez, no último post mostrei uma ferramenta útil que permite a realização de mais de 50 cálculos de tubulações de vapor, online e através app para IOS e Android. Desta vez, vou falar de mais um app para Android muito útil para engenheiros.

Para quem tem Android no celular e usa a HP48 / HP49 no dia a dia recomendo experimentar o App Droid48. É um emulador de HP48 100% funcional. Excelente para cálculos em campo e uma mão na roda.


O app pode ser baixado a partir do Google Play, no link https://play.google.com/store/apps/details?id=org.ab.x48&feature=search_result 

Um abraço e até mais.



Dimensionamento e Verificação de Linhas de Vapor por Perda de Carga

Olá a todos. Neste post vamos ver como podemos dimensionar e verificar o diâmetro de uma tubulação de vapor usando uma ferramenta gratuita disponível na internet. Trata-se da seção "Engineering Calculator" do site da fabricante de acessórios para vapor TLV ou um APP gratuito deste mesmo fabricante para celulares ou tablets rodando Android ou IOS, disponível na Google Play e App store.

Pra início de conversa, afinal, por que devemos calcular a perda de pressão em tubulações de vapor? 

Bem, para que haja uma movimentação do vapor dentro de uma tubulação, é necessário que exista uma diferença de pressões. Toda vez que houver um fluxo de vapor no interior de um tubo, haverá atrito entre o vapor e as paredes do tubo, que gerará perda de pressão. Como conseqüência desse fato, quando se necessita uma determinada pressão ou temperatura no ponto de utilização, deve-se prever o que acontecerá durante o transporte desse vapor desde o ponto de produção. 

Uma tubulação sub-dimensionada trabalhará com velocidades elevadas, ocasionando maior atrito e consequentemente perdas de carga muito grandes e, nos casos mais críticos, falta de vapor no ponto de consumo. Tubulações trabalhando com velocidades muito elevadas sofrerão erosão e, conseqüentemente, um desgaste prematuro.

Uma tubulação super-dimensionada solucionará os problemas de perda de carga porem apresentará velocidade muito baixa. O inconveniente, nesse caso, é ter-se uma área maior que a necessária dissipando energia de forma constante e desnecessária, ocasionando maior perda de energia do vapor e mais condensação do vapor. A condensação do vapor excessiva pode gerar o famoso golpe de aríete ou martelo de vapor e também causar erosão excessiva e consequente rompimento do tubo. Segue exemplo abaixo:



O dimensionamento de uma tubulação de vapor deve ser feito visando a obter no final das linhas, pressões compatíveis com o uso que se deseja  fazer do vapor, isto é, uma perda de carga tal que ainda se possa utilizar o vapor nas condições desejadas.

Para ilustrar vamos usar um caso verídico de um cliente que possuía um sistema de vapor direto até turbinas de acionamento do preparo de cana, sendo 2 picadores e um desfibrador. As turbinas sofreram um repotenciamento e consequentemente houve o aumento do consumo das mesmas. Como as tubulações de vapor haviam sido dimensionadas para o consumo anterior, agora com a maior vazão de vapor seria necessária a verificação do diâmetro das mesmas, levando em consideração a velocidade e a perda de pressão.

Abaixo temos um pequeno fluxograma da situação desse cliente, já considerando as vazões após o repotenciamento:



Neste exemplo vamos verificar somente a linha de vapor direto, ilustrada em azul no fluxograma acima. A temperatura do vapor é 440°C e a pressão é de 44 bar (g).

Como podemos ver, a linha foi dividida em trechos, pois em cada um destes trechos haverá uma vazão de vapor diferente. A turbina do Picador 2 consumirá 8900 kg/h de vapor, a turbina do Desfibrador por sua vez consumirá 32000 kg/h de vapor e o Picador 1, 16400 kg/h de vapor. 

O trecho 1 portanto deverá ser dimensionado levando em consideração a vazão das três máquinas, 57300 kg/h de vapor. No trecho 2 a vazão será menor, pois 8900 kg/h de vapor serão consumidos pelo Picador 2 e não passarão pelo trecho 2. Seguindo o mesmo raciocínio podemos facilmente verificar a vazão de vapor em cada trecho. 

As características geométricas de cada trecho influem na perda de carga, isto é, quanto maior o trecho, mais curvas, tês, válvulas, balões, etc., maior será o atrito e consequentemente a perda de carga. Abaixo listamos as vazões e características geométricas de cada trecho que analisaremos:

Trecho 1: 
DN 8” Sch.80 
L=133 metros 
14 curvas
Vazão: 57,3 tv/h

Trecho 2: 
DN 8” Sch.80 
L=6 metros
Vazão: 48,4 tv/h

Trecho 3: 
DN 8” Sch.80 
L=2 metros
Vazão: 16,4 tv/h

Trecho 4: 
DN 5” Sch.80 
L=17 metros 
6 curvas
Vazão: 8,9 tv/h 
01 válvula gaveta totalmente aberta

Trecho 5: 
DN 6” Sch.80 
L=32 metros 
10 curvas
Vazão: 32 tv/h 
01 válvula gaveta totalmente aberta

Trecho 6: 
DN 5” Sch.80 
L=35 metros 
8 curvas
Vazão: 16,4 tv/h 
01 válvula gaveta totalmente aberta

Agora vamos ao que interessa. O endereço do TLV engineering calculator é http://www.tlv.com/global/TI/calculator/. O aplicativo para Android pode ser baixado no site: http://www.tlv.com/global/TI/mobile/. Acesse a versão web ou baixe o aplicativo. Eu vou exemplificar a utilização da ferramenta online pela web. Em Piping Design, acesse no menu a opção Pressure Loss through Piping.


Logo depois clique em Show Advanced Options. Desta forma será possível considerar a geometria de cada trecho de forma mais precisa, considerando curvas e válvulas. Vamos agora inserir os dados do trecho 1, conforme abaixo:


Agora vamos prosseguir clicando em Calculate. Vamos obter a velocidade e a perda de carga para o trecho 1:

Como podemos ver, a velocidade parece adequada (valores adequados são de 20m/s a 40 m/s, caso o vapor seja superaquecido, como no nosso caso, podemos chegar a 60 m/s), porém a perda de carga somente para esse trecho excede 2,4 bar. Isto é, no início do trecho temos o vapor em sua condição inicial (P= 44 bar g), porém no final deste trecho a pressão cai 2,45 bar, ou seja a pressão neste ponto é de apenas 41,55 bar (g). O ideal para linhas de processo é que a perda de carga máxima seja de 0,5 bar / 100 metros de tubo. No nosso caso, o fabricante da turbina informou que a pressão mínima para a performance do equipamento no acionamento mecânico do preparo é de 1,2 bar.
Iremos refazer o cálculo considerando um diâmetro maior. Seguem abaixo os resultados:

Considerando DN 10” Sch.80:
Velocidade = 23,9 m/s
Perda de Carga = 0,8945 bar 

Parece adequado porém lembramos que há mais trechos subsequentes até o bocal do consumidor que também gerarão perdas de pressão. Vamos calcular com 8 polegadas:

Considerando DN 12” Sch.80:
Velocidade = 16,9 m/s
Perda de Carga = 0,4180 bar

Segue abaixo o cálculo dos demais trechos:

Trecho 2:
Velocidade = 31,74 m/s
Perda de Carga = 0,0332 bar 

Trecho 3:
Velocidade = 10,75 m/s
Perda de Carga = 0,0013 bar 

Trecho 4:
Velocidade = 14,65 m/s
Perda de Carga = 0,13148 bar

Trecho 5:
Velocidade = 36,76 m/s
Perda de Carga = 1,3247 bar 

Como podemos ver, neste trecho a perda de carga é muito elevada, vamos calcular com 8 polegadas:

Considerando DN 8” Sch.80:
Velocidade = 21,0 m/s
Perda de Carga = 0,40 bar 

Seguindo: 

Trecho 6:
Velocidade = 27,00 m/s
Perda de Carga = 0,6757 bar

Como podemos ver, neste trecho a perda de carga é muito elevada, vamos calcular com 6 polegadas:

Considerando DN 6” Sch.80:
Velocidade = 18,8 m/s
Perda de Carga = 0,3065 bar 

Vamos agora somar as perdas em cada trecho até cada bocal de admissão das turbinas, para os diâmetros atuais: 

Picador 2:
ΔP Picador 2 = ΔP Trecho 1 + ΔP Trecho 4 = 2,58254 bar

Desfibrador:
ΔP Desfibrador = ΔP Trecho 1 + ΔP Trecho 2 + ΔP Trecho 5 = 3,80896 bar

Picador 1:
ΔP Picador 1 = ΔP Trecho 1 + ΔP Trecho 2 + ΔP Trecho 3 + ΔP Trecho 6 = 3,16126 bar

Como vemos, as perdas de carga excedem em muito o valor informado pelo fabricante das turbinas. Considerando os diâmetros maiores sugeridos, chegamos nos seguintes valores:

Picador 2: 
ΔP Picador 2 = ΔP Trecho 1 (Op. 2) + ΔP Trecho 4 = 0,54948 bar

Desfibrador: 
ΔP Desfibrador = ΔP Trecho 1 (Op. 2) + ΔP Trecho 2 + ΔP Trecho 5 (Op. 1) = 0,8512 bar

Picador 1: 
ΔP Picador 1 = ΔP Trecho 1 + ΔP Trecho 2 + ΔP Trecho 3 + ΔP Trecho 6 = 0,7590 bar

Como vemos, agora os valores se adequam ao especificado pelo fabricante.

Gostaram do post? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário. Um abraço a todos e até o próximo post.